Odiava a imaginação, exatamente porque não tinha nenhuma. Ai do funcionário, colega ou cidadão do lugarejo que apresentasse (ou pior, que escrevesse) uma boa ideia qualquer. Sua intimidade com a mediocridade logo acendia o sinal de alerta. Tratava de enquadrar a coisa como ideia perigosa, ímpia, atrevida, o pobre de talento.Então elogiava outrem, sempre na presença daquele que pretendia rebaixar, rival do elogiado. Até o dia em que o silencioso e criativo Felipe lhe devolveu a punição: “ninguém elogia com boas intenções”, disse, citando Miguel de Unamuno, que obviamente Fernando, o sem-talento, não lera. Foi a conta. Este último, em síncope nervosa, soltou-lhe impropérios de nanos calões. E Felipe agradeceu-lhe: isso, sim, é elogio!
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