Deselegante no trato interno, o maitre trotou na direção do cozinheiro: “és um cavalga dura”, esbravejou, português. Severino, bom menino, disse a ele que o povo, lá, gosta. “Ora pois, se gosta, tu que voltes à tua terra”, ouviu do galego duro, que já mudou de feição e de tônica: “lá gosta, lá gosta... lagosta não tolera inabilidade, ora pá!”.
Desde que chegou a São Paulo, procedente do oeste do Pará, Severino se volta à gastronomia. Picou saladas e infringiu frigideiras, esfregando forte com palha de aço, até riscá-las, inadvertido. Mas cozinhou o sonho em fogo brando. Orgulhoso e soberbo, chegou a primeiro imediato do chef. Faz o bechamel com perfeição, quando o prato é ao thermidor, mas às vezes se esquece do sal na lagosta.
sexta-feira, 19 de junho de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário