Assim que lhe comunicaram a morte da mãe, Miguel Taborna surpreendeu a todos dirigindo-se para a loja de embalagens, antes mesmo de ir à funerária. Esclareceu rápido, a perguntadores atrevidos, que não iria embalá-la, não. Comprou um enorme rolo de barbante grosso, e sorriu, ainda que meio entristecido: “sei o que faço!”, vociferou misterioso.
Foi o primeiro a estar no velório, nem haviam aberto o caixão com o corpo materno para exposição, quando desenrolou a compra e ateou fogo numa das pontas do tal barbante. O cheiro daquilo era insuportável. Comadres rezadeiras mal chegavam ao “que estais no céu”, do início do Pai Nosso. Parentes diagnosticaram uma putrefação precoce. E apareceu Carlinhos, o Fedido, amigo íntimo de Miguel. Conhecedor das intenções do companheiro, pois ambos tinham o mau hábito de soltar peidos nos velórios alheios, Miguel gargalhou, vencedor: “pode parar, que no da minha mãe eu ganhei!”.
terça-feira, 16 de junho de 2009
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