sábado, 20 de junho de 2009

No amor como na ira

No amor como na ira a gente se persuade. Provavelmente a ocasião teria feito o ladrão, e do roubo teria nascido a paixão, mas não. A perseguição implacável ao casal na motocicleta não deixava dúvida: era gente errada. Polícia não persegue assim, com uma, duas, três, dezenas de motos, camburões e táticos. Havia um erro em fuga. Esperavam-se prisioneiros, mas a oportunidade era a de fugir.
De repente os tiros, muitos. Uma complexa paisagem óptico-acústica se forma pelos lados, de cima, e sabe Deus senão também de baixo. Não há freio que desfaça o tempo, e os fugitivos bateram, sem clemência, na traseira do ônibus que carregava vidas. Morte imediata, com as mãos ao alto, no asfalto quente.
Ele, trabalhador do comércio. Ela, manicure. Fugiam dos pais, para a lua-de-mel.

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