Justo ele, touro reprodutor, foi se esquecer da função. Não era boi. Boi é bicho castrado, que vai para céu. Marido da vaca, destinado ao abate, puxador de carros e outros deméritos que o homem lhe impõe. Touro, contrário às coisas, tem carne esquisita, dura. Não serve para servir.
O coitado tinha número ao invés de nome. Nome mesmo, só quem lhe dava é Sebastião, o tratador, para o dono era PO-423, e nem se importava que lhe tivessem nomeado, em fazenda alheia, o pai e a mãe: Enlevo da Mangabeira e Bruma de Avalon. Lá ele era mesmo o PO-423, fruto de melhoramento genético.
Frustrado, o dono, fazendeiro rico, viu fracassar seu intento cafetão. O PO-423, nada. Dizem que depois disso o abandonou num pasto, junto às vacas e aos bois sem raça... Sebastião só ri. “Poderoso do Tião” anda famoso. “Fez pra mais de cem bezerros pobrinhos”...
quarta-feira, 10 de junho de 2009
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