sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Orla tola

Orla tola, aquela da Prainha dos Prazeres. Olívia não via a hora de voltar à terra firme, irritada. Os glóbulos de seus olhos, feito moluscos ofuscados, nadavam de lá para cá na lente garrafal de seus óculos embaçados, como se buscassem uma saída. Não, não havia barco àquela hora. Olívia andava na areia escura, mas parecia dançar tango em lépida caricatura. Ziguezagueava como uma pipa no ar, quando avistou Evaristo. Vinha sem pressa, coçando vagaroso o sovaco.
- Moço, moço, a que horas passa a embarcação nesse fim de mundo? Esquecendo o ócio ele olhou solícito: - Quando Deus quiser, senhora! Olívia empalideceu, ainda mais lívida, lembrou de beliscar o braço. Infalível antídoto para pesadelos torpes.

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