sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Sofreu sanção

Sofreu sanção por desobrigação com o moleque. Jurara solenemente no bar que não cumpriria sua parte no acerto com a ex-mulher, mesmo com a sentença do juiz. Vossa excelência nunca morou com o peste, disse bêbado a Sandoval, aquilo que queria ter dito ao magistrado. Confiança infantil na lei que levava no peito, opostamente indisposta com a legislação vigente. Sob o grasnar de uma coletânea de palavrões, deu os punhos às algemas, sem acessos de autopunição, firme no propósito de não mover uma pena por aquele filho, que jurava bastardo. “Que de, que ene, que a, rapá? Tu és pai e cabô!”, conduziu-lhe o investigador da polícia, no momento que o lançava no porão do camburão. Lei é lei, ainda ressentenciou o delegado do distrito, num misto de pena e zombaria, quando a ex-mulher apareceu com o menino loirinho. E como ator canastrão, em peça teatral de quinta categoria, o chefe policial ordenou que trouxessem o pai: “o negão da cela três”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário