quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Lençóis indiferentes

Lençóis indiferentes já desinteressavam o Jaguar. Procurar onde e no quê, pelas pernas morenas de Gláucia? Pouco havia dela. Nunca uns dedos, sequer um braço. Um pedacinho de prazer que fosse para aquele ócio. Presume-se que foi quando esteve com a Adriana, pelas primeiras e segundas vezes. Porque ela, pouca importância dava às suas ausências. Nem de longe fazia exigências para tê-lo por perto. Descia as pálpebras por ele, capaz até de sair à rua, e procurá-lo, procurá-lo mais, muito, onde estivesse. Ela era afagos sem preços ou impertinências. Doce, sem o melado do grude. E tanto melhor, guardava-lhe uma fidelidade de espécie, quê de quem sente falta, afeto incondicional. Jaguar parece ter pressentido que finalmente haveria um lar. Aos poucos as suas desconfianças se dissiparam. Deixou à rua os demais viralatas e virou membro oficial daquela casa pequena. Conhecedor dos cheiros e dos costumes. De guarda...

Nenhum comentário:

Postar um comentário