segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Garbosa e besta

Garbosa e besta a Iraci cansou, como diz, de “fazer vez de boazinha”. À uma da manhã não dá, reclama ao marido, no velório da sogra. Um acontecimento desses é uma trabalheira, e só por beijar parentes que nunca vejo já tive que retocar o batom dezenas de vezes. E esse café? Tenha dó, Antonio Carlos, assim, cowboy, sem um salzinho de frutas, só pra esses seus primos com estômago de cachaça. Flores, ah flores! Deveriam mandar só perfumes. Essas coisas fedem com as horas: “Saudade da Família Silva”. Quem tem saudade sou eu, do tempo em que não precisava passar por esses micos. E aquele ali, ó? Quem é? Vai ver sua mãe teve um amante oculto, Antonio Carlos. Como mortos duram pouco, o enterro enfim começou. Nas alamedas do cemitério Iraci ainda difamou as tumbas e o vestuário dos parentes convidados. Quando o caixão baixou, Antonio Carlos, mesmo com lágrimas nos olhos, deu o safanão necessário para que Iraci fosse parar no fundo da sepultura. “Enterre!”, pediu ao coveiro atônito. Mas a mulher deu pra gritar... gritos agudos e estridentes.

Nenhum comentário:

Postar um comentário