segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Rômântico era

Romântico se queria como bandido. Leitor voraz das biografias de seus pares que sem tiro, sangue ou agressão entraram para a história dos crimes, pôs-se a praticá-los, inicialmente, por meio dos furtos. Não os pretendia pequenos, afinal não era punguista, e sim artista. Tratou logo de conhecer jóias, mas sua consciência, um tanto acanhada, lhe pedia bijuterias. Com acanhamento também se furta, mas com bijuterias não se qualifica o criminoso, pensou, enquanto planejava o próximo passo para o domingo. Haveria festa na associação comercial da cidade. Analisou. Vigilância, nenhuma. Bingo. Arma em punho, máscara negra e revólveres na mão. No palco, interrompeu “Smoke gets in your eyes”, tomando a batuta do maestro, e ordenou ao microfone que todas as damas deveriam depositar suas jóias na sacolinha aos seus pés. A quinta dona chegou chorando: “era da vovó”. Emotivo, consentiu anistia ampla e geral às vítimas. E cedeu, como o fez durante toda a vida, às ordens dos patrões.

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