quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Fragmentos vadios

Fragmentos vadios de pensamentos doces projetavam-se horas afora, sob o agasalho sombreado da mangueira fabulosa e taças finas de vinho branco. Dali, Adriano pensou, náufrago das ideais, em verter mais suor na malhação do corpo. Aclarar abdominais às contas certas, respirar caminhadas de quilômetros extras, desarticular folgas, aumentar os pesos puxados para a musculatura dos braços, contornar pernas nos saltos. Saudável como aquela fruta já quase madura, que o olhava dos galhos, envergados por tantas outras. Bocejou o tempo, alongou os braços, relaxou súbito, solto à cadeira confortável. Então lembrou Goto, nos aforismos de Brás Cubas: “navegar é impreciso; viver é inavegável”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário