sexta-feira, 22 de outubro de 2010

O bando espavorido

O bando espavorido de quero-queros penetrava ouvidos, feito campainhas agudas em sinal de alerta. Naturalidade que acaba, quando a natureza começa a se levantar. Por certo havia risco ao ninho, captado por olhares altivos de fêmeas e machos em alerta pulsante. Aos passos largos, Odete e Heitor temeram um ataque aéreo, como se o perigo flutuasse. Por instinto idêntico, protegeram a cabeça com os braços cruzados e correram, procurando no nada do descampado um abrigo seguro. Viveram fantasias de agressões por pássaros, duelos etéreos, celestiais desavenças de princípios, pois não queriam mexer em ninho nenhum. Movidos pelo passageiro pânico riram de si próprios alguns metros adiante. Os quero-queros pousaram lá atrás, onde vidas novas haveriam de começar.

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