De quatro, com o fiofó empinado à Lua, Amélia procurava no carpete felpudo o número 69 do jogo de tômbola. Não tinha a menor vaidade. Viciara-se no bingo assim que perdeu Humberto, numa carreira. Foram menos de seis meses de convívio tumultuado. Choviam-lhe tapas por motivos fúteis, em todas as partes, caíssem onde caíssem. Olho, pescoço ou ouvidos. Nas costas, na nuca ou na boca. E conformava-se. Descansava a bochecha na mão, toda pesarosa, com a cabeça torcida alternadamente para a direita e a esquerda. Briga e descompostura o tempo todo. Casara-se já idosa, nutrindo um amor cego aos interesses escusos e etílicos do rapagão.
Foi com uma risada lateral, de boca ensangüentada, que decidiu dar um basta àquela vida submissa, depois de cuspir, naquele mesmo carpete, o pedaço gordo do pênis de Humberto. “Foi sem querer, doutor”, explicou ao delegado xereta, mostrando o galo do soco que levara na cabeça, “justamente naquela hora”.
Foi com uma risada lateral, de boca ensangüentada, que decidiu dar um basta àquela vida submissa, depois de cuspir, naquele mesmo carpete, o pedaço gordo do pênis de Humberto. “Foi sem querer, doutor”, explicou ao delegado xereta, mostrando o galo do soco que levara na cabeça, “justamente naquela hora”.
Brilhante, irônico e verdadeiro, rsss
ResponderExcluirBeijos e bom final de semana.