terça-feira, 3 de novembro de 2009

Um céu

“Um céu de sargento”, gritou o brigadeiro, que se recusava a voar. Dentro da névoa, os pingos esparsos pareciam ter personalidade. Marcavam os óculos do brigadeiro, como se quisessem impedi-lo de olhar para os lados. As árvores tortas entre a densa nuvem branca riscavam a claridade, quando surgiu a luz, lá de longe. Primeira um pequeno ponto, depois um enorme facho, que se aproximava, colorindo o chão. “O Sol”, gritou o brigadeiro, pensando em voar.
Tempo de janeiro, naquela manhã amarela. Um frio extemporâneo, daquele lado de cima da serra. Um pardal pousou na asa do pequeno avião, ambos silenciosos, anunciando nadas à vista. Terra marrom, avião azul e branco, hélice metálica. Já se via a cor das coisas, varridas as nuvens pelo vento leste. O ajudante acendeu o charuto do brigadeiro. Acionou o motor da aeronave, com a força de se ir à Lua. Da montanha paciente, escapava o som do taxear. De repente, o objeto brilhante sobe às alturas. O brigadeiro voou, num céu todinho seu.

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