Quando perguntavam a Alexandre “o que é que você tem feito?” ele era enfático: nada! A autenticidade às vezes indignava o interlocutor, mas este deveria se dar por satisfeito, porque na maioria das vezes em que lhe faziam tais perguntas, Alexandre simplesmente continuava a olhar o céu ou a contar acerolas de uma árvore carregada da fruta que plantaram no fundo da casa onde morava, e não dizia coisa alguma.
Seguia a orientação para luz que têm as plantas. Falava em “perda de tempo” para quem insistia em “ganhar o tempo” com a mesma desfaçatez com que os cachorros fazem sexo, quando encontram uma cadela no cio. Respirava anônimo. Soletrava pensamentos. Murmurava pausas. A letargia da existência era para ele a própria essência de existir. Mas percebeu a ironia de Orlando, quando este o apelidou de “Nobody”! Foi com um gemido de pesar que olhou para o ex-amigo. Um descontentamento incidental conseguiu, enfim, roubar-lhe a atenção, e com a vagueza da distância entre um pingo e outro de uma garoa, levantou os dois ombros simultaneamente, como se concluísse: “e daí?”.
Seguia a orientação para luz que têm as plantas. Falava em “perda de tempo” para quem insistia em “ganhar o tempo” com a mesma desfaçatez com que os cachorros fazem sexo, quando encontram uma cadela no cio. Respirava anônimo. Soletrava pensamentos. Murmurava pausas. A letargia da existência era para ele a própria essência de existir. Mas percebeu a ironia de Orlando, quando este o apelidou de “Nobody”! Foi com um gemido de pesar que olhou para o ex-amigo. Um descontentamento incidental conseguiu, enfim, roubar-lhe a atenção, e com a vagueza da distância entre um pingo e outro de uma garoa, levantou os dois ombros simultaneamente, como se concluísse: “e daí?”.
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