Prosaico e separado de seu trajeto no dia, Abílio abriu o porta-malas do velho monza e meteu lá duas cestas de piquenique, feitas de palha trançada e cobertas por pano xadrez. Bateu a tampa desconectado da modorra de uma vida de minúcias. Acelerou, e só estacionou sua alegria na casa de Flávia, colega no cartório, que num dia de carência fora guardiã de sua vida íntima, e testemunha auditiva de suas lamúrias contra os carimbos tacanhos, os obsoletos selos e as falidas firmas reconhecidas. Sobre o acolchoado do banco do carro tocaram-se as mãos, dois dedinhos de prosa e olhares cúmplices, que enxergavam a cena daquilo que acontecia com eles mesmos.
Na margem do pequeno rio próximo à cidade, sob a copa da figueira, trocaram juras eternas de ódio à profissão de escriturários. A ânsia tátil, no entanto, não passou das baguetes com patê de atum, retiradas delicadamente das cestas, debaixo do pano xadrez.
Na margem do pequeno rio próximo à cidade, sob a copa da figueira, trocaram juras eternas de ódio à profissão de escriturários. A ânsia tátil, no entanto, não passou das baguetes com patê de atum, retiradas delicadamente das cestas, debaixo do pano xadrez.
Molinho
ResponderExcluirestou muito feliz pelas micros e pelo 3º Prêmio Literatura para Todos! Que esses 300 mil exemoplares possam correr o Brasil inteiro!
Te amo
Sua
Dan Dan