Os cabelos da gringa estavam colados no seu antebraço. Leves e claros, feito os dias sem vento. A ignorância de Tobias para aquelas palavras que ela dizia era extremamente divertida e variada. Bem sabia que elas deveriam conter muito veneno para pouco prazer, mas garantiam-lhe um certo quê de importante junto aos seus, pobres guias turísticos daquelas cachoeiras distantes de tudo. Se Deus premedita tudo, e até sabe como alguém irá pecar, não havia motivo para ele pensar em culpa. Percebeu, sim, que a loira era casada com o loiro forte, mas se o marido só pensava em fazer trilhas, porque ele, Tobias, não haveria de trilhar os caminhos da moça? Só não contava com a chegada repentina do gringo, bem no momento em que a gringa estourava uma jabuticaba em sua boca, utilizando a própria boca. Bem que tentou dissimular a maldade que o homem enxergou, mas o braço forte do alemão foi mais ligeiro do que uma possível explicação. Com gosto de sangue e fruta, cuspiu o dente nas pernas da gringa. Voltou ressabiado para o barraco e pediu para Clarinha um pano limpo e uma sopa de aipim com queijo. “Esse trabalho me machuca”, ainda esbravejou, mascando absolutamente nada.
sábado, 21 de novembro de 2009
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