domingo, 8 de novembro de 2009

Atropelos e zelos

Atropelos e zelos, tenho-os às dúzias. Claro, cada qual em sua hora. Passei a foice no mato do terreno do lado sem olhar pra baixo. Não havia planta com nome, uai, que se dane. Fosse uma primavera, assim, uma roseira ou um diabo de um cacto espinhudo, até teria zelo. Foi igual na festa do compadre Tiãozinho, maldiçoada do diabo. Aquelas primas assanhadas feito cadelas pincher. Estridentes, você sabe. Vieram brincar com a perna comprida de homem, tomaram rabo de arraia. Esparramei umas quatro. Fossem moças ordeiras, positivas, até era capaz de propor casamento. Que é aquele, você sabe, meu lado zeloso.
Não posso negar que às vezes erro. Diz que é humano, né?, Apesar dos colegas da venda terem me chamado de animal. Já estava de língua pronta esperando o gole daquela do engenho, quando o finado Beto gritou pra eu não tomar não. Virei a pinga pra dentro e dei sem dó no barrigudinho safado. Coitado. Coitado mais ou menos. Tinha posto gasolina no copinho e deixou na mesa, para acender o fogo na lenha. Tomei aquilo mas, zeloso, não fui eu quem o matou, não. Morreu de enfarto. O doutor disse, depois do velório, que ele passou muita raiva. Eu? Até levei flor, zeloso.

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