sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Só chegar

Só chegar ao shopping não bastava. Lá, ela era tátil, visual não. Compulsiva a observadora. Perdulária a econômica. Melhor mais caro, meu caro, que barato basta o desprezo por aquilo que já compramos.
Era objetiva nos seus desejos dispersivos. Tanto se consumia da paixão pelos consumos, que mal teve tempo para amar Heitor. Heitor-off, ela o etiquetava. Como se o desconto de 10% de seu tempo de compras, para dedicar-se ao namorado, fosse uma liquidação desvantajosa.
Sob as leis do capitalismo afoito, não durou nem um mês esse romance promocional. Ela própria sentiu a aflita a vantagem do parceiro. Heitor comprou uma, e levou duas: além dela, Isadora, uma militante do partido verde, cujo único sonho era o de votar em Marina, para presidente.

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