domingo, 4 de outubro de 2009

Gemada, não

Gemada, não! Jão-Carlim, filho mais novo do finado Ataliba Mecânico, com a comadre Rosário, morava dois morros pra cima de onde tinha aquela moita enorme de eucaliptos. Vivia constipado. O irmãozinho dele teve um troço cedo, tadim. Un’zóinho azul miudinho que dava gosto de olhar. Era parecido com Ti’Duardo, irmão do Mané Padeiro, que casou com a tia Fátima, quando ela veio morar na casa da minha mãe, aqui no sítio. Faz tempo.
Não havia reza que curasse o Jão-Carlim, até que a dona Sebastiana, sabida das coisas da medicina, porque o cunhado dela, doutor Tadeu, se não me engano, três por quatro falava num negócio de ômega três. Bom pra tudo. Deu até receita, naquela época, com as coisas que a gente tinha. Leite quente e dois ovos batidos de um tanto que doesse a mão. Gemada. Um santo remédio. Mas a madrinha disse que Jão-Carlim enojou. Era olhar pr’aquilo e tossir de quase por pra fora, as coisas e a constipação. Não vi mais esse povo. Dizem que Jão-Carlim casou, tem filhos e tudo. Vai ver sarou. Mas tenho certeza de uma coisa, só gemada não foi.

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