Com essa cara de peroba-rosa que meu pai me deu, casposo nos ombro e escondido nos pensamentos, balanço os olhos para um lado e pro outro, mas não sou doente-dos-nervos, isso não! Sei de mim. Quando falo igual pastor de crentes em noite de pouco dízimo é porque tenho o que dizer, ara. Às vezes nem abro a boca, que nem passarinho na muda. Viu esse uálquemem? Tem cantor lá dentro, por isso eu saio cantando pela rua, feito o caminhão gás. Ouço, só eu e ele, a musiquinha que ninguém ouve. Agora mesmo, tava um silêncio de cemitério, entrou então o tum-tum, troncudo e tonto. Eu balanço. Todo mundo já logo acha que é doidice. Xô urubus e berenices! Também pinto. ‘Cê pinta como eu pinto? Há, há. Inimiza comigo, mas quer meu abrigo! Viu? Faço rima, às vezes. Só falta você dizer que eu não sei pregar botão, por causa desse aqui que falta? Se tivesse botão, bobão, eu ó: passava a linha assim, assim e abotoava o paletó...ó. ó. Estudei até a quarta! Nunca fui na escola às quintas e sextas. Brincadeira, sai no meio da oitava. Foi quando me deram esse remédio aqui, ó. Pra eu tomar de manhã, de tarde e de noite. Tá estranha essa Lua, né? Será que é porque hoje eu não tomei nenhum?
segunda-feira, 5 de outubro de 2009
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