quarta-feira, 14 de outubro de 2009

No chuveiro

No chuveiro do elevador soprou bolhas de ar comprimido. Fizera surreal a casa rasa e flutuantemente tosca. Para um casal, dizia, sozinho.
O laptop entupia a pia de espumas, inseridas no texto. Detergente, esse Word, de brancos nadas salientes, esperando palavras. Apoiado no ralo, o mouse pedia um pad menos propenso às falhas do comando. Pulava preposições, acachapava verbos, homossexualizava artigos, por conta, não por opção dos comandos.
Histórias histéricas começavam a brotar no vaso azul de azaléias. Queria um conto, se tanto, para famigerar a fama. Uma chance extra-paredes plásticas de consciência reciclada. Descarga, certeira, no botão delete da caixa encantada. Lixo virtual pode provocar cegueira e falta de memória, leu na advertência da caixinha de tinta para a impressora. Apertou o botão.

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