terça-feira, 6 de outubro de 2009

Aquela gordura

Aquela gordura exposta ao Sol só poderia estar querendo virar bacon. Era assim que Umbelino falava de Marcinha. De mal, na piscina do clube. Maldade tem essa coisa, de enfeiar ou engordar as pessoas. Encovado nos pensamentos, não entendia o por quê daquela gorda, e feia, e chata, e pernóstica, e metida, e enfadonha Marcinha negar-se a namorá-lo. Se namorava com todo mundo!?
Foi que fez feio. Gracinha para os outros. Chegou perto da toalha da moça e, estúpido, trocou o bronzeador. Embalagem igual, mas com pó-de-mico misturado à pasta. Marcinha nem viu. Passou pelo corpo e danou a se coçar. Um sofrimento de cadela atropelada, coitada. Raspava-se, contorcia-se e chegou a pedir socorro. “Querendo, eu posso melhorar você?”, disfarçou o criminoso. Sim, ela disse, quase como pedido de pelo amor a Deus. Já com um balde de água ao lado, ele a lavou. Foi alisando aqueles braços roliços, aquelas costas brilhantes, aquele rosto corado. Ela enterneceu. Viu bonito, o mau caráter do Umbelino. Não fosse o falastrão do Zequinha, teriam até namorado...

Nenhum comentário:

Postar um comentário