quinta-feira, 1 de abril de 2010

Empacotou a alma

Empacotou a alma, para entregá-la sem medo do pecado, quando aceitou trabalhar para Lourdes. O nome de santa não garantia à moça nenhuma espécie de iluminação do Céu. E pior: pelos pré-requisitos católicos, estaria mais para o inferno do que para o próprio purgatório. As longas madeixas, o aloirado dos cabelos, pousavam em seu semblante certo aspecto divino, mas Roberval logo notou o veneno que o viciou, quando aceitou trabalhar para Lourdes. Ainda que ela lhe pedisse primeiro simples gestos usuais, como abotoar-lhe o vestido às costas ou calçar-lhe as sandálias, havia nisso sinais de intenções luxuriosas. E ele bem as detectou, quando aceitou trabalhar para Lourdes. Embora lhe ordenasse trivialidades, como morder primeiro a maçã ganhada ou massagear-lhe a nuca que parecia febril, ele realizou feliz as determinações estranhas, quando reiterou o desejo de trabalhar para Lourdes. Ficou arrasado, é verdade, quando viu Lourdes deitar-se com homens vãos e variados mas, então, já não havia como demitir-se de Lourdes.

Nenhum comentário:

Postar um comentário