domingo, 18 de abril de 2010

Emergência, emergência

Emergência, emergência não era. Uma necessidade, vá lá. Naquela hora, um prego seria de bom proveito. Cair, cairia. Essas questões de acaso têm sempre, no fundo ou por detrás, uma mãozinha da displicência. Tanto tempo dependurado numa tachinha frouxa, em reboco úmido, é claro iria acabar derrubando o santo, mesmo sendo ele o Expedito, das causas urgentes. E olha que não foi por falta de aviso! Dona Glória tinha fama de faladeira e repetitiva, mas naquela questão ela tinha razão. Custava a Soraya ter pregado a imagem de um jeito melhor? Não era ela quem sempre rezava apavorada, pedindo tudo para ontem, depois das desgraças feitas? Quando o santinho caiu da parede e o Almôndega o comeu, estraçalhando pedacinho por pedacinho entre as patas e o focinho, pensei cá comigo: isso não vai prestar. Soraya ainda tentou arrancar ligeira o papel santificado da boca do bicho, mas que o quê. Não havia mais quem pudesse fazer um milagre com aquela rapidez e urgência...

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