sábado, 10 de abril de 2010

Fadiga moral

Fadiga moral, Antum anunciou antes. Deu depois adeus pausado, quase carente de silêncio. Não se opôs às palmas, desfez as faltas, apertou os olhos. De fato sentia o fim, por avesso que fosse. Sempre quis conquistas sábias às sibilares facilidades oferecidas mídia a mídia. Nunca expôs benemerências feitas, que incluía em sua íntima lista diária de decências. Jamais ousou mostrar-se bom, pela ciência dos êxitos dignos que conquistava ato a ato.
Como se numa grua em movimento acima, deu uma pan ocular no ambiente inflado por enfadados homens e seus ternos, por perfumosas damas e suas pérolas vocais. Cuspiu no chão, num gesto de ruptura, e sentenciou a todos uma confissão que por décadas lhe confiscava a alma: “farsantes de merda!”.

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