sexta-feira, 16 de abril de 2010

Então considerou

Então considerou encerrada a discussão. Dobrou a folha de papel ao meio, redobrou e a meteu no bolso esquerdo da camisa lilás. Levantou-se de supetão, atirou no ar um bom dia que poderia dirigir-se às moscas ou a ninguém. Não tinha o olhar voltado a Leilane. Foi a conta. A mulher ergue-se resoluta e espalmou a mesa pela a atenção perdida. Tato um tanto violento, para uma resposta docemente original: “sim, acho que fica bom assim”. Ajustou a blusa florida e perfumou o ar com o balanço do corpo. Ele então a enxergou, atônito. Leilane rouca, pela saliva que desceu errada, balbuciou aquecida nos nervos: “o senhor bem que poderia repassar essa decisão aos amigos e clientes”. Ele fez que sim. Ela concordou com o queixo.
Sociedade desfeita é melhor do que a falência, pensaram os dois, numa concordância que há muito não passava pela cabeça de ninguém.

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