sábado, 24 de abril de 2010

Minhas meias

Minhas meias já foram duas. Sim, tenho certeza, agora é uma só. E essa camiseta não me pertence. Nossa, outro peido norte. Digo, vento norte. Fico engraçado assim pensando. Parece que tenho reticências ao final de cada frase que falo. Lamento essa lentidão. O único ser que se mantém onde sempre esteve é Esteves, o coitado do peixe, ali no aquário redondo, com aquela boca de coluna de jornal em véspera de feriado: abre e fecha. Esse sofá Grant’s, com poltrona Walker, mesinha Parr e tapete Daniel’s, nunca compôs um cenário tão torto. Deve ter passado por aqui algum cachorro labrador importado de Saturno. Com certeza ele brigou com um poodle de Marte.
Um café poderia ser o início de uma solução ou quem sabe um banho, sob aquela ninfa de pedra que jorra água do bojo no chafariz do jardim? Vou pedir pudim. Melhor, sonrisal com soda. Um engov e uma tônica, não, um trocadilho com a tônica seria o fim. Melhor segurar o impulso para depois, assim que a cabeça cair. A única certeza inteira é que as meias, sim, eram duas.

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