segunda-feira, 26 de abril de 2010

Chicletes de conversa

Chicletes de conversa passavam do ser às nádegas. O ser e o nada, até ensartreou dizer, mas não havia liga. Dois adolescentes ao telefone celular pareciam despejar uma ducha de coisas algumas pelos mil orifícios do aparelho que lhes tocavam as orelhas. Surdas, as palavras, mudas, as compreensões, sobravam estalos de falas e onomatopéias de mamutes em cruzamento de pedantismos cômico-sexuais.
Não havia como esvaírem-se das atenções e ódios magnificentes, como os da senhora arrumada ao redor que, feito uma Emma Bovary secular, manifestou seu inconformismo, propondo-lhes que fossem a um motel ao invés de falarem tanta sacanagem. Ouviram e riram. Decepar a cabeça “daquela velha” não era a melhor maneira de fazê-la calar-se. Então se viraram de costas e mantiveram cúmplices aquele diálogo non sense.

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