domingo, 31 de maio de 2009

Nenhum deus

Nenhum deus entraria nesse banheiro descrente. Isso aqui só pode ser coisa de pervertido. Deixar, de propósito, essa ponta de cano na cabine fechada... Limpo tudo, direitinho, porque trabalho não suporta ser negado, é feito balão de gás, que não tolera agulha.
Há um mês encontrei bem ali, no canto do mictório comprido, três botões. Pareciam arrancados de vestido de mulher, apesar desse banheiro ser o masculino. Estranho. Venho cedinho, mas sabe-se lá o que acontece de madrugada... É público.
Ruim mesmo foi dar com aquele moleque todo estropiado. Parecia furo de tiro. Fraquinho, ele balbuciou que foi faca. Não sei porque alguém mente na hora da morte. Meu diabo me insinuou que deveria passar pinho-sol naquela alma, deixar cheirosa, pra subir limpinha, mas derrotei essa idéia asquerosa. Só chamei a polícia pra me ajudar a tirar aquilo de lá...

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