Torpe de alma, ruivo-embranquecido de pele, com sobrancelhas de Frida Kahlo, o menino era o cão. Albino. Já Albertinha era leve a clara, como certos dias sem vento. No lado secreto da moeda, disputavam casinhas, caçadas, bolas e amarelinhas. Vãs aparências, que se deixavam confundir nas aventuras: ele, Dionne Warwick. Ela, centroavante, sempre um desses ronaldos.
Cumprida a agonia, nessa penumbra lenta, cresceram, e suas simulações prosperaram. Albino aferrou-se à alta costura. Albertinha abriu boteco. Ele, fashion. Ela, food. Aceleravam na parada do arco-íris, quando se avistaram dândis invulneráveis. Elegantes idênticos. Ele, Greta Garbo. Ela, Oscar Wilde. Depois da corrida para o encontro, o beijo. Desses, de feito um para o outro. Mulher e marido, como nunca tiveram coragem de experimentar na infância...
sexta-feira, 22 de maio de 2009
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Confesso que cada vez mais me surpreendo com sua prosa, talvez por conhecer muito pouco esse seu lado. Já há matéria para um livro e muitos prêmios. Me resta deliciar com a leitura, aprender, aplaudir e divulgar à todos que gostam de ótima literatura.
ResponderExcluirUm beijo, amigo. Força sempre.