segunda-feira, 25 de maio de 2009

O vento enlouquecia

O vento enlouquecia as plantas. Para proteger sua paixão, a rosa amarela, fez de si rebatedor. Cortador de correntes... Mas veio a chuva, quando concluiu que os anseios são enganos. Segura o ar de um lado, tora a água de cima. A aflição da flor, em tênue equilíbrio ao caule, oscilava à sorte.
Em pânico, abriu reza. “Mãe da alegria e do bem viver, que os teus ventos abra meus caminhos, encoraje minha alma e alegre meu coração”. Conta que Iansã lhe ouviu. Varreu a tempestade, espantou os raios, abrandou a chuva, mas levou consigo a roseira, que só viu quando abriu os olhos, rodeado de pétalas amarelas. Foi aos búzios do vizinho, pai-de-santo, e a explicação amadureceu: “mizin é fio de Oxalá”.
Sua rosa agora é branca, adubada a Pai Nosso. Nunca mais ventou forte.

3 comentários:

  1. Triste, mas bonito. Por que as cenas estão tão trágicas?

    beijos

    Dan Dan

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  2. Oi, Dan Dan Môle,
    a tragédia é o narcótico da vida, razão da nossa embriaguez. Então, bebamos...
    Beijãozão,
    alaor

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  3. André Agui.
    muito boa essa tua trágedia póstuma. kkkkkkkkkk

    blogdarua9.blogspot.com

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