sexta-feira, 8 de maio de 2009

Profanador confesso

Profanador confesso foi pra pinga na paróquia. Garrafões de vinho do padre o viciaram e, para sair dessa, deu pra beber em outro lugar: no cemitério. Fez feio no culto, violou tumbas, chutou santos. Mas naquele carnaval, vestido de Nossa Senhora de Fátima, com fitas da Congregação Mariana, cilícios da Opus Dei e laços das Filhas de Maria, quando sambava sobre o túmulo do Capitão Belmiro de Deus, sentiu ojeriza da vida transgressora. Uma espécie de luz prismática explodiu-se da garrafa de cachaça que tinha às mãos, e iluminou em sete cores as penas de sua alma. Zonzo, mas resoluto, lançou as vestes e trastes no campo santo, disposto a buscar a fé.
Esteve a um passo de encontrá-la, não fosse o camburão nervoso que o tirou pelado das ruas, por atentado ao pudor.

2 comentários:

  1. hahaha Lucidez de bêbado tem vida curtíssima. Muito bom, gostei do blog. Acabei de receber um email divulgando, espero que mais escritores de Rio Preto entrem nessa corrente cibernética e divulguem seus trabalhos tbém.
    Em breve a Câmara setorial de literatura terá novidades para divulgar e promover os escritores riopretenses, fique atento!

    Abraços.

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