O perdão nunca lhe era negado graças às suas maneiras. Gozava de uma polidez aperfeiçoada, de moça fina, com virtudes completadas à custa do curso de boas maneiras on line. Seduzia sem agradar, tomada por um calculismo mentiroso que divertia os interlocutores. Já era psicóloga quando conheceu Irineu.O romance surgiu da noite, período em que até ela, e todos, precisamos de alguém íntimo para conversar. Foram labaredas de alma, puxando acima as fagulhas que jaziam sob as cinzas de seus segredos elegantes. Confessou a ele a farsa dos gestos, o embuste das falas, o logro dos sentimentos. Pálida, como algo que fica tempo demais na água, cedeu-lhe o corpo, com ignorante segurança, comum às tolas.
Na análise da relação, Irineu sentiu-se entre uma ternura infinita e uma solidão sem fim. Vestiu a bota de cowboy, ajustou o calcanhar com duas batidas no chão e aboiou uma despedida insólita: “bãããããão, então um dia a gente se vê!”.
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Alaor
ResponderExcluirMuito legal. Mas estou começando a fazer uma campanha pra gente escrever micro contos. São contos que não podem passar de 50 palavras. De vez em quando coloco um no meu blog: criadordesaci.blogspot.com
Dê uma passada por lá e veja o que você acha. Pensei até em montar com alguns amigos um blog só de micro contos.
Você topa?
Alaor, meu caro, obrigado pela visita e pelas palavras. Esse seu blog é fantástico e gostaria de publicar uma dessas crônicas no "proseares", fazendo menção ao blog. Espero sua autorização, ok? Beijo.
ResponderExcluirSidnei