Lendas urbanas são mais do que ingenuidades do povo. A casa da rua Marechal Deodoro, que mal assombra, foi palco de morte trágica. Na coxia do teatro municipal grita o fantasma José Carlos Chaves Gouvêa, que de tanto shakesperiar o chamavam de Ramiléte. O bosque da praça central, o Solidão, guarda um anjo, ladrão de corações. Onde hoje é padaria, ali na esquina, foi um cemitério pequeno, porque o amolador de facas da época só enterrou o casal e os seus oito filhos.
No quinto andar perdemos o contato com o solo. Não pisamos cadáveres, nem remexemos ossos. Mal sabemos se aquele romeu amava dona Zéfinha, se ela lhe deu motivos ou se foi puro ciúme banal. O jornaleiro gritou muitas manchetes macabras sobre os dois, e sempre que aperto o botão do térreo, ouço um singelo: “você não tem razão para fazer isso”.
segunda-feira, 4 de maio de 2009
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