Aroma da alvorada tem que ser verde. Não há matiz capaz de lhe envaidecer melhor. Só Poliane se cisma vermelha. Unhas das mãos, dos pés e depois o batom à beira do escarlate. Rubras roupas, idênticas peças íntimas. Chapeuzinho a desafiar lobos.
No ponto, às 6 em ponto, soletra sigilosa uma oração ao dia, indiferente aos espantos que sua cor logo causa aos seus idênticos, cumpridores da ordem e do horário, madrugadores do ofício. Cruza as ruas como uma labareda corada, que passa pelas cores neutras e os tons pastéis da multidão cotidiana. Abre a loja de cosméticos, e corre à cozinha, preparar o café da patroa que chega às 9, com eventuais atrasos. Lança olhares aos mocinhos da oficina em frente, dá bom dia aos que param para ver a vitrine. Sente-se solta e outra, agora que se separou de Guilherme. As manchas roxas nos braços e olhos a incomodam um pouco, mas as explica indiferente aos curiosos: - Estou encarando um ton sur ton.
segunda-feira, 18 de maio de 2009
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