O involuntário giro de polegares indicava a apreensão. O senhor está nervoso? Não senhora, em absoluto, respondeu solícito como um banco de jardim. Pode me dizer sobre sua última experiência? Atuei no ramo do mobiliário, exportávamos armários para toda a Europa, encheu-se de boca. Especificamente, o senhor fazia o quê? Gerenciava a exportação, ajeitou a orgulhosa gravata. E porque quer agora trabalhar como contador no ramo de papéis? Bem, na verdade, já embrulhávamos os móveis com os vossos papéis, embrulhou-se, desempregado.
A psicóloga dos recursos humanos fechou a pasta: então não serve, não admitimos ninguém com ligações anteriores à nossa empresa. Atônito, o ex-executivo se levantou cabisbaixo, não sabia se escreveria um livro ou matava-se. Olhou para o coque loiro da moça, por de trás de seus olhos claros, e falou, enfim tranqüilo: “então a senhora vai tomar no cu”.
sexta-feira, 8 de maio de 2009
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