quinta-feira, 7 de maio de 2009

Só o riso dele

Só o riso dele ficou na pequena sala. Lascivo, do tipo que pairava no ar e ardia nos pés. Dera a entrevista coletiva à imprensa com expressão constrangida e astuta. Irônica, traiçoeira, sanguinária, louca, sinistra e, às vezes, dolorida. A própria enunciação das coisas incomuns que acontecem nos jornais, no abstrato das vidas. Os cotidianos concretos só criam desimportâncias.
Do que falou ficou também a faca. Usara-na para forçar a vítima a prestar atenção. Empregara-na no vão afã de terminar o monólogo com audiência total. Quando faltou platéia, calou-se tarde demais. Foi assim.
Aos insistentes repórteres creditou várias versões ao mesmo tempo, meias verdades que lhe facilitavam a mentira. Imolado pela mídia, atingia seu intento. Isso é crime?

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