quinta-feira, 21 de maio de 2009

Regra de três

Regra de três não lhe convinha percentualmente. Seu sincero sentimento por Vaneska estava há dias para um incógnito xis, assim como o dela estava para cem. Em progressão geométrica, a jovem prospectava amores, enquanto Renan, com suas higiênicas palavras, sonhava sair do ordinal segundo (ele não se sabia terceiro, quarto ou centésimo), para dar-lhe as mãos feito um casal a sós.
Como um gavião que tolera um pardal ao seu lado no poleiro, Renan freqüentou Vaneska. Tinha sob as sobrancelhas as conhecidas rugas da reflexão, mas quis lutar pela conquista da amada, na ânsia de constituir uma exponencial dupla. No primeiro encontro, surgiu-lhe um breve momento de perplexa decepção, assim que a tensão acabou. A moça desvendou-lhe a matemática do sexo, mas se recusou a lhe beijar a boca. Sem mais nem menos, somas ou multiplicações, pronunciou um enigmático número: - “Cento e oitenta e sete”.

2 comentários:

  1. Meupaidoceu! tadinho dele.
    Como não poderia deixar de ser, adorei. Abraço.

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  2. Muito bom Alaor,

    Eu sou daqueles que justificam a teoria das inteligências múltiplas. Na escola, nunca fui bom de matemática.Todavia, mas esse seu texto se autotraduz numa trama inteligente cuja regra é o conhecimento da alma humana.

    Abraço.

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