terça-feira, 15 de junho de 2010

Por um lado

Por um lado torcia pelo seu time, o problema era pelo outro. Uma estranha compaixão lhe tomava a alma, como num movimento de dança, cujos passos iam e vinham. A partida transcorria com a lógica da maldade humana. Ambos lutavam pela derrota alheia, só André é que tinha lá suas dúvidas. Chegou a ser condenado, naquela sala, por falta de caráter. Ouviu indagações secas: por que não te calas? Chateou-se com o rancor incontido dos companheiros de torcida. Fazer o quê? Era-lhe um vício agradável desviar das veias a adrenalina sonsa. Mas no primeiro gol do adversário, mortificou-se. No segundo, trocou o ar terno pela ira morna. Foi no terceiro, porém, que derrubou cerveja gelada no livro de filosofia zen. Cuspiu no prato antes de comer e corneteou em tom abusivo: “timinho de merda!”. Foi pouco, para o sopapo que tomou, sem ver de onde veio.

Um comentário:

  1. Pior q de vez em qdo. me pego nessa mesma condição.. só não chego a apanhar porque sou contido...hahaha

    ResponderExcluir