quinta-feira, 3 de junho de 2010

Como hóspede

Como hóspede (ou refém) de Guilhermina, Olegário sentiu que a história interferia em seus desejos. O que foi feito de minha viagem? Chegou a surpreender-se. A prima ofereceu-lhe pousada na cidade turística, mas os programas revelados invariavelmente terminavam no tédio. Visitar as velhas amigas da parente para apresentações, em definitivo, não era o melhor programa, naquela cidade repleta de museus, livrarias e espetáculos. Olegário sentia-se o macaco de um zoológico volante. Cada merci daqueles custava-lhe uma caixa de estomazil. Os assuntos conversados, então, beiravam a explicação em ladainha que seu contador costumava dar-lhe sobre os novos índices de desconto do imposto de renda. Duas, três, quatro visitas em dois dias. E faltavam apenas dois para que ele retornasse à sua casa, no interior. Até que Guilhermina vislumbrou um “programa cultural”. E lá foram os dois à casa de Francine, a ex-milionária amiga da prima que “tocava piano muito bem”. Uma hora depois de um histórico das “ma-ra-vi-lho-sas” viagens que fizeram à Europa, as duas decidiram pela música. A anfitriã sentou-se ao piano e, num bote simultâneo, Olegário vomitou no carpete!

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