domingo, 20 de junho de 2010

Parece gente

Parece gente esse antúrio sensível. Folhas feito as caras dos portraits de Modigliane; orelhas em pé, assim, cachorro atento, lisonjeando-se de si mesmo, como se pudesse dizer, Me deixe em paz, então tal gato. Tem rugas nos membros e entranhas, prontas a renovarem a vida depois da morte, como se o tronco fosse a própria humanidade, sem intermediários entre as pessoas e Deus. É ateu o antúrio? Na florada, não! Demonstra sua fé naquela exposição torta e ereta, que pessoas querem enxergar fálica nas suas inseguranças. O antúrio é substantivo, masculino, singular. Quando ascende com a flor é puro exibicionismo, sem a essencial intenção da cópula. Flor para ele é fruto, talvez gozo, nunca um flerte ou processo de sedução. Falta a ele falar claramente, ao invés de seguir a luz em silêncio. Saberíamos por que se mantém planta...

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