terça-feira, 1 de junho de 2010

Dá pra amar

Dá pra amar um cara assim? É porcão, Efigênia, tem arroubos verbais e arrotos incontinentes na sala. Na privada ele é público; todo mundo ouve o animal. Metido a malandro, fala aí nas rodinhas de amigo que não suporta mulher fiel, mas que me enche de porrada se eu o trair. Ele meio bregão, às vezes erudito, outras experimental. Eu o conheci no boteco do Jura, lembra? Maldito porre. Mas logo se instalou aqui no meu apê, com seus peidos arquetípicos e os chamadões de “mais uma”. Não sei se sou outra, mulher ou garçonete, Efigênia, me enfio nos decotes e ele lá, com a voz rosnada da garganta de fumante e o cérebro sabe Deus onde. É um vadio-bomba. Chega da rua e explode no sofá, esparramando estilhaços de bitucas, controles remotos e almofadas-vítimas num raio de cinco metros, ou seja, em toda extensão da casa. Olha, Efigênia, acho que a única, a uniquinha coisa que eu não ignoro nele é aquele jeito sonso-sedutor. Sei lá, dá uma coisa. Quando grita que vai embora acabo dizendo que não precisa. Olho o animal de lá da cozinha, pela fresta da ciumeira, e acabo preferindo assim.

2 comentários:

  1. ou eh assim ou eh viado...rsrs(alias, antes que reclamem do meu linguajar"preconceituose", jah explico,: posso falar viado pq sou desse mundo amour, e viva a diversidade...)

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