quarta-feira, 30 de junho de 2010

Quadro esboçado

Quadro esboçado, espaço exíguo. No sofá, reproduções da felicidade dos retratos: casal às pontas, crianças, pipocas e copos na mão, cachorro à frente, no chão. Ela tem o enigmático olhar na tela de alguma tevê, que está onde estamos: então olha pra frente, para nós, espectadores. Ele tem o olhar de homem que acaricia interlocutores, presta favores e atenção. Meninos, não. Pouco ou nada eternizam em suas concentrações dispersas, desafios em crescimento, representações pueris. Não custa apontar os olhos para a esquerda e para a direita, só pelo prazer de ver o cachorro seguindo as sutilezas de nossa visão. Demonstra ser o mais atento de ali; o espírito lúdico ou a compreensão ligeira em forma de vida. Há uma ponta de poltrona vermelha à esquerda, devia ser da avó que morreu faz pouco. De algum pintor feito Velázquez, com certeza não era...

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