sábado, 5 de junho de 2010

Risinho irônico

Risinho irônico. Na mesa, oito talheres. Presumíveis resistências. Boas noites, receptivas. Súbitos silêncios. Aquele prato, servido, parece algo que não se come. Os personagens são reais, a história confunde-se. Demonstrações de asco. O garçom de gravata borboleta serve Sílvia. Ela olha, enjoada. Gastronomia grosseira. No prato de Amato, um olho salta. Repugnância generalizada. O ápice surge no servir Alice. Aquela iguaria remete à imundície. Tábata pede licença e desfila ao fundo da sala, com finesse e náusea. Geraldo, que tudo come, arrisca engolir a situação. Higino sente nojo. Anna Karina, enfim, afina o discurso contido: - “Dorival, que perversidade é essa?”. O dono da casa, abanando sua disponibilidade às senhoras, reforça-se no ar sarcástico. Convoca o maître com sotaque paulistanérrimo: “pô, Arrrthurrr, num ti falllêêêi que o pessoal era de moral, ô meu? Leva logo essa gosma e traz o prato principal, morô!”.

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