quinta-feira, 20 de maio de 2010

Sujeito solitário

Sujeito solitário o Fernando. Agora deu para o canto lírico. Comprou um karaokê, onde só ele e o Pavarotti soltam a voz no microfone. Ninguém mais. Nem Maria Callas tem chance. Pra não dizer que a menospreza, está lendo uma autobiografia da diva, psicografada por um fenomenal médium de Varginha. Até para assoar o nariz o Fernando nos remete a uma trombeta vigorosa, um dó tenor ou de “de peito”, como costuma vangloriar-se. Pior é o silêncio de Fernando. Quando não está cantando, cala-se (sem pensar na Maria, bem entendido). Fica só nos hã-hãs, emitidos periodicamente aos interlocutores incautos. O único dia que o vi sair do sério foi naquele em que Yolanda, que já foi sua namorada, disse a quem quisesse ouvir que Fernando nunca chegaria ao apogeu, porque falhava antes de qualquer êxito. O cara virou soprano! Num falsete de trincar ouvidos e copos de requeijão Poços de Caldas, concertou e consertou o cacófago ao público: “isso é coisa da boca da cadela”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário