segunda-feira, 10 de maio de 2010

Enseada na seca

Enseada na seca arregala a saga daqueles que odeiam água. E era o caso Guilherme, um continental assumido, que só topava o passeio àquelas proximidades do rio porque os amigos lá se instalaram, com rancho de pesca e lancha de ócio. Inapto para as coisas psciculturais, torcia pela baixa do nível daquela diversão aquática. Então crescia como algarismo à direita. Cuidava da cozinha, da limpeza mundana, dos afazeres, enfim, para um bando de homens numa beira de rio. Pelo prazer do pavor à pescaria era capaz de maquinar soluções entorpecentes àqueles meninos no cais da profanada diversão. Criava adivinhações de sabores para supostas misturas de álcoois, jogos de cartas ou enigmas de lembranças de amores molhados. Quando não chegava ao êxito, punha-se a dedilhar um violão, numa sensação única, como morrer ou defecar. Mas nenhum dos amigos, pescadores convictos, topava o programa, se Guilherme não fosse.

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