sexta-feira, 21 de maio de 2010

Na vila

Na vila, Lobo Aurélio colocou sua palidez, olheiras e voz rouca para não fazerem nada, sob as copas da jaqueira. Junky urbano, travestia-se de beatnik sertanejo e rodava os campos, onde rolasse on-the-roadianamente um rango de graça, uma libidinagem essencial e, preferencialmente, um alambique não muito longe, para “degustações” furtivas de umas caninhas. Escolhia as rota instintivamente, como escolhemos coca-cola no lugar de guaraná porque preferimos coca-cola.
Na mira de uma doze, Lobo Aurélio desligou o despojamento e se ligou, atento para encontrar cada caroço cuspido no mato, da melancia roubada na roça de Seo Jerônimo. Era o castigo do caboclo àquela empáfia citadina. Contou depois, aos companheiros, sem afogar o riso, que “tirou a ideia” de uma moda-de-viola. Mas a versão de Lobo Aurélio, que gostava mais da prolixidade do que de melancia, cá entre nós, era bem melhor.

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