segunda-feira, 3 de maio de 2010

Ao luar beethoviano

Ao luar beethoviano quis parecer uma pessoa comum, ouvindo sonatas. Assim, do tipo hominus-domesticus, que caminha com controle, senta-se na sala para ler jornal e passa manteiga no pão. Quis comprar jornal na banca da esquina. Pôr-se à varanda e cumprimentar quem passasse. Mover-se, enfim, como um pêndulo de ilusão. Previsível: pra lá, pra cá.
Que se danassem as sucessivas chamadas nos noticiários sobre a descoberta de outro menino morto. Queria ser surdo, embora aquele alvoroço todo lhe aguçasse a audição. Que corressem para cima e para baixo os carros de polícia e suas sirenes histéricas. Ele permaneceria lá, intocado, simples e ordeiro. Serial killer que se preza é assim, pensava consigo mesmo. Não fica por aí dando demonstrações de arrogância. Quando muito, troca o CD, e coloca a Bachiana nº 5, também triste mas, mais brasileira...

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