quarta-feira, 3 de março de 2010

O atestado

O atestado de óbito tinha o carimbo do cartório e, logicamente, o nome do falecido: Antonin Bela. O mesmo Antonin que, anos antes, colocara anúncios nos jornais, procurando mulheres para “relacionamento sério”. O mesmo Senhor Bela, que colecionava banheiras antigas, compradas em lojas de demolição ou arrematadas nos leilões. A notícia de sua morte e a falta de herdeiros gerou curiosidade pública: qual seria o fim das famosas banheiras? Juntos e xeretas, os irmãos Silva foram à casa do morto, destravaram a porta com macetes próprios e avistaram, lá nos quartos, as primeiras banheiras. Aquilo cheirava estranhezas e formol. Na primeira delas, o corpo de uma mulher loira; segunda, outra loira; na terceira, uma morena. Susto e pânico! Nem viram as outras dezenove banheiras, chamaram logo a polícia. Antonin Bela seria o monstro procurado. A investigação ganhou ritmo frenético: cada corpo, uma história triste de desaparecimento. O pavor se consumou na exumação do corpo de Antonin. Os mais próximos logo sentenciaram: “esse aí não é ele não!”.

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